Apresentaçao

A crise que estamos a viver é muito mais do que uma crise financeira ou económica. Os seus efeitos fazem-se sentir em todas as esferas da sociedade, causando problemas no domínio ambiental, com o esgotamento dos recursos naturais, e no domínio social, com o aumento das disparidades e a propagação de vários tipos de exclusão e, de um modo mais geral, criando uma grande crise de confiança, levando-nos a questionar os valores e os modelos de desenvolvimento que regem as nossas escolhas e decisões.

Desde a Segunda Guerra Mundial o progresso tem sido medido em termos de crescimento do PIB, mas, agora mais do que nunca, é necessária uma nova abordagem, que veja o progresso em termos de bem-estar de todos, sem excepções, incluindo as gerações futuras. Isto implica, por conseguinte, a redução das disparidades, a partilha de recursos e promoção da coesão social e do desenvolvimento sustentável. Significa passar de um modelo em que a responsabilidade pelo progresso tem de ser assumida pelo Estado ou pelo mercado, para um modelo em que essa responsabilidade é partilhada por todos, ou seja, tanto por organismos públicos como privados, e pelos cidadãos.

Desde 2005, várias entidades locais e regionais, tanto dentro como fora da Europa, iniciaram, com o incentivo do Conselho da Europa, a implementação desta nova abordagem. Baseia-se numa definição de bem-estar pelos próprios cidadãos para conceber novas formas de gerir a organização da sociedade e da economia com base nas necessidades reais identificadas através de um processo de consulta. Os processos desencadeados por este processo conduziram à emergência de uma nova forma de abordar o progresso de um ponto de vista mais geral, baseado em métodos simples, facilmente aplicáveis e facilmente transponíveis.

Os territórios da co-responsabilidade inspiraram-se, em particular, na estratégia de coesão social e na segunda Carta Urbana Europeia, elaborada pelo Congresso dos Poderes Locais e Regionais do Conselho da Europa, que preconiza medidas que estabeleçam a ligação entre cidadania, solidariedade e conhecimento. Outras acções foram adoptadas em resposta às mesmas preocupações, tais como as cidades em transição e os pactos locais.

Pela organização do Primeiro Encontro Internacional dos Territórios de co-responsabilidade em 25 de Setembro de 2009, o Conselho da Europa e a cidade de Mulhouse, que desempenhou um papel pioneiro no processo, ofereceram a todos os que partilham esta preocupação uma oportunidade de se reunir e intercambiar, aproveitando as experiências práticas da vida real que ouviram durante o encontro, as lições que podem ser retiradas dessas experiências e as novas perspectivas que abrem. Reflectou-se também na melhor forma de estabelecer uma rede que permita desenvolver abordagens complementares, facilitar o intercâmbio e transformar os resultados dos projectos-piloto em pontos de referência políticos e metodológicos. Esta reflexão levou ao lançamento da Rede TOGETHER.