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Atelier "co-atores na ré-organização do espaço publico"

4° Encontro international de Territorios de Co-responsabilidade

Relatorio do atelier “co-atores para a gestão dos espaços”

1- Participantes

Brasil: Gilberto, Wislen Nevoa França: Patrice Weisheimer, Cabo Verde: Jorge Guimarães Portugal: Samuel Thirion Bélgica: Christine Welche Intérpretes PT/FR: Laure Luciani et Maria Total: 7 participantes

2- Progresso

  1. Cada um se apresenta
  2. Introdução do workshop: A rede TOGETHER, o 4º encontro internacional, os objetivos gerais do encontro e específicos do workshop (Samuel)
  3. Gilberto apresenta a Praça das Flores a iniciativa de transformar um lixão em um lugar de vida e convívio em Manaus, Brasil, por iniciativa de um grupo de moradores. Aos poucos esta área se torna um local para desenvolver diversas atividades com a população local: Desenvolvimento da Praça das Flores com plantas da floresta que os moradores aprendem a descobrir, biblioteca para agrupamento de livros, mercado de produtos locais, produção de energia solar para iluminação, etc. A maioria das ferragens é feita com materiais reciclados no local. Obteve-se apoio do município para o que deveria ser adquirido.
  4. Patrice Weisheimer apresenta duas iniciativas:

a) o projecto “Faites Parc”, que consiste na apropriação de um parque nos subúrbios de Strasburg pela população local. Este último decide, coletivamente, desenvolver ali um certo número de iniciativas festivas. b) um “oásis” criado por duas famílias vizinhas que decidem colocar alguns de seus espaços privados em espaços comuns tanto quanto possível: jardim compartilhado, sala de jogos para crianças, quarto de hóspedes comum, carro compartilhado, etc. Isso leva a outras iniciativas, incluindo festas de vizinhos, educação compartilhada de crianças, tomada de decisões por consentimento por meio da sociocracia, etc;

  1. Questões e debates
  2. Conclusões

3- Principais idéias

Contextos diferentes e uma mesma lógica

Nos três casos apresentados, trata-se de um processo coletivo local movido pela possibilidade de utilização de um ou mais espaços comuns. Esse processo não é planejado com sequências (diagnósticos, projeções, realizações, avaliações), mas vai se acumulando à medida que avança, como uma bola de neve crescente. O caminho é feito caminhando. O espaço como alavanca

Em todos os casos, a gestão partilhada de um espaço habitacional acarreta dinâmicas colectivas, integração de várias iniciativas, corresponsabilidade e laços sociais. No caso do Brasil, isso é particularmente importante porque o clima de violência social e física generalizada freia qualquer dinâmica coletiva, senão dentro da mesma família. Os espaços abandonados podem ser locais de expressão da criatividade coletiva, especialmente dos jovens, e do surgimento da transformação social. No entanto, em muitos bairros desfavorecidos, como as favelas, esses espaços não existem e os jovens se voltam para o tráfico e o consumo de drogas (veja o workshop anterior) Fatores de sucesso dependentes do contexto

À questão dos fatores de sucesso das iniciativas apresentadas, as respostas são diferentes:

  • no caso do Brasil, Gilberto destaca o papel preponderante da “liderança”, ou seja, a existência de uma pessoa de um pequeno grupo que vai dar um impulso no início e garantir sua continuidade. Este é o principal fator de sucesso para ele.
  • no caso da França, Patrice Weisheimer considera que as palavras-chave são compromisso, prazer, amizade, qualidade das relações humanas, benevolência e uma certa cultura de inteligência coletiva.

Em ambos os casos, vemos que a existência de um espaço comum não é suficiente por si só. Fatores de sucesso são necessários. São esses os fatores que permitem que esses espaços comuns existam como tal: no Brasil sem a liderança a área de destinação de resíduos certamente teria permanecido como tal. Na França, sem os elementos-chave identificados por Patrice, o parque teria permanecido um parque público como qualquer outro e as duas famílias teriam continuado a viver em seus espaços privados.

Em contextos como o da Europa, onde os espaços privados são muito compartimentados, se não houver vontade ou interesse, as dinâmicas de gestão coletiva dos espaços comuns são limitadas ao mínimo ou delegadas a administradores. O problema da transformação é aqui mais cultural em torno de valores-chave, como Patrice apontou.

Em contextos onde os espaços privados são mais facilmente abertos e compartilhados como no Brasil, o surgimento de dinâmicas coletivas em torno dos espaços comuns depende, sobretudo, da capacidade das pessoas de realizarem apropriações coletivas, especialmente em contextos de fortes tensões sociais.

Impulsão, extensão, incentivos Surge então a questão de saber como promover e estimular esses fatores de sucesso necessários. A experiência cabo-verdiana contada por Jorge Guimarães é interessante a este respeito porque o ímpeto, neste caso, partiu de uma política nacional baseada na descentralização para baixo e numa abordagem ascendente. Consiste em dar a possibilidade às populações locais das aldeias se auto-organizarem em associações de moradores, administradas coletivamente e tomar sua decisão de financiamento de forma autônoma (ver CR da oficina sobre as escolhas de políticas públicas) . Isso impulsionou o surgimento de associações desse tipo em todo o país e, dentro delas, um grande número de jovens facilitadores desempenhando um papel impulsionador na dinâmica coletiva. Esse tipo de política pública ainda é extremamente rara e, portanto, surge a questão de como difundir quando ela não existe. A esta pergunta feita por Jorge, Patrice Weisheimer responde explicando como um conceito como “oásis” lançado pelo movimento do colibri por iniciativa de Pierre Rhabi permitiu um verdadeiro processo de aglomeração e aprendizagem em rede em torno de objetivos e valores compartilhados.

4- Conclusões e continuação

O workshop trouxe, assim, as conclusões essenciais a serem levadas às conclusões do 4º encontro internacional e da Assembleia Geral da TOGETHER. Convergem e complementam as das outras oficinas, nomeadamente a necessidade de uma dupla estratégia:

  • por um lado, fomentar políticas públicas locais, regionais e nacionais que criem condições para uma verdadeira dinâmica cidadã, como aconteceu em Cabo Verde ou na Wallonie, por exemplo, ou ao nível dos municípios;
  • por outro lado, facilitam o trabalho em rede das dinâmicas dos cidadãos locais, especialmente onde o contexto sociopolítico não lhes é favorável e estão isolados.

O workshop sobre este tema pode continuar com outras sessões, retomando estas conclusões, para aprofundar a reflexão, a realizar na sequência deste IV Encontro Internacional.


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