A equação de Gaïa divide as nossas emissões de gases com efeito de estufa em três factores:
- Quanto consumimos;
- Quanta energia é necessária para produzir o que consumimos;
- Quantos gases com efeito de estufa (GEE, ou seja, principalmente CO2) tivemos de emitir para produzir essa energia.
Por outras palavras:
Emissões de GEE/pessoa = Bens consumidos/pessoa x Energia consumida/Bens consumidos x Emissões de GEE/Energia consumida__.
Para reduzir o primeiro fator, precisamos de reduzir a nossa pegada nos recursos naturais (sobriedade), para reduzir o segundo precisamos de produtos de consumo que utilizem menos energia (eficiência energética) e para reduzir as emissões de CO2 precisamos de mudar para energias renováveis (decarbonatação).
Assim, existem três estratégias possíveis para reduzir as nossas emissões de gases com efeito de estufa. A primeira (sobriedade, por exemplo, partilhar o carro com outras pessoas) é a mais imediata e menos dispendiosa, e está ao alcance de todos; a segunda (eficiência energética) requer algum investimento, especialmente em tempo (por exemplo, substituir a agricultura industrial e os produtos comprados nos grandes supermercados por hortas agroecológicas locais), mas também em dinheiro (por exemplo, isolar as casas); a terceira (descarbonização) é a que exige mais investimentos financeiros, nomeadamente nas energias solar, eólica, hidroelétrica e geotérmica, na metanização e em certas utilizações da biomassa.
Este raciocínio pode ser aplicado a nível individual ou coletivo (família, vizinhos, empresas, etc.) e a todas as escalas territoriais, do bairro ao mundo.
A equação de Gaia contrasta com a equação de Kaya, que utiliza os mesmos termos mas em relação ao PIB por pessoa e não aos bens consumidos. Por conseguinte, não vai ao fundo do problema, ou seja, a necessidade de sobriedade.
A equação de Gaïa deve ser calculada sector a sector, considerando cinco deles (ver o O jogo do bem viver juntos?).